Ebola e o apocalipse na Libéria

Mortos na rua, hospitais lotados e o caos da Ebola na Libéria

Correndo e pulando em ruas esburacadas e sem pavimento, o motorista e enfermeiro de ambulância Gordon Kamara grita no celular tentando abafar o som das sirenes. O celular tocou ininterruptamente desde às 5 da manhã.

As chamadas são sempre as mesmas, amigos, amigos de amigos, estranhos. Todos com alguém conhecido doente com ebola e implorando para ser resgatado o mais rápido possível. Kamara e sua equipe atendem a capital da Libéria, Monrovia, em uma antiga ambulância americana doada, ainda com a placa da Califórnia.

A cidade tem aproximadamente 15 ambulâncias e todas contam o mesmo caso. Centenas de novos casos são reportados por semana na Monrovia, e alguns nunca serão contabilizados. E no pico da epidemia, somente uma pequena parte conseguirá chegar a um hospital.

 

O caso é mais triste ao se constatar que Kamara sequer trabalha para o governo, sua ambulância e equipe é paga por um membro da oposição do Parlamento. Uma mistura de assistencialismo com autopromoção, infelizmente muito familiar a este lado do Atlantico também.

O cenário desesperador e caótico é um alerta sobre como esta epidemia pode piorar e se espalhar pelos lugares mais remotos, pobres e com grande concentração urbana.

Fonte: New York Times